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Jocasta

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"Trevas espessas! eterna, horrível noite!
sou dilacerado pelo espinho da dor e
pela memória dos meus crimes!"
(SÓFOCLES - Édipo Rei.)


Édipo vê cumprir-se o oráculo funesto:
Tebas entregue, em luto, à peste que a devasta,
E, sobre o trono em sânie e o leito desonesto,
Morta, infâmia da terra e asco de céu, Jocasta.


Louco, vociferando, erguendo a grita e o gesto
Contra os deuses, mordendo a poeira em que se arrasta,
O mísero, medindo o parricídio e o incesto,
Quer da vista apagar a lembrança nefasta:


Os dois olhos, às mãos, das órbitas arranca
Em sangue borbotando, em lágrimas fervendo,
Para o pavor matar na esmagada retina...


Mas, cego embora, - vê Jocasta hedionda, branca,
Enforcada, a oscilar, como um pêndulo horrendo,
Compassando, fatal, a maldição divina.