Odes modernas (1875)/Livro Segundo/Justitia mater
Aspeto
Nas florestas solemnes ha o culto
Da eterna, intima força primitiva:
Na serra, o grito audaz da alma captiva,
Do coração, em seu combate inulto:
No espaço constellado passa o vulto
Do innominado Alguem, que os soes aviva:
No mar ouve-se a voz grave e afflictiva
D'um deus que lucta, poderoso e inculto.
Mas nas negras cidades, onde sôlta
Se ergue, de sangue medida, a revolta,
Como incendio que um vento bravo atiça,
Ha mais alta missão, mais alta gloria:
O combater, á grande luz da historia,
Os combates eternos da Justiça!