Mês de Maria

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Como era lindo, em maio, nas novenas,
Por essas rezas tristes e serenas,
Cheias de incenso e de orações piedosas,
Ver as crianças da pequena vila,
Duas a duas, trêfegas, em fila,
Virem cantando e carregando rosas!

Eu, toda a tarde, mudo e solitário,
Vinha escutar o místico rosário
Que o povo murmurava aos pés de Cristo:
E um dia vi, na reza, com espanto,
Surgir a deusa de mais lindo encanto
Que neste mundo os olhos meus hão visto!

Em plena igreja, nessa tarde inteira,
Eu pus-me a contemplar a forasteira,
Num doce enlevo, carinhoso e mudo.
E ela também - Jesus! - de quando em quando,
Mandava-me olhar discreto e brando,
Que afoitamente prometia tudo!