Madona da Tristeza (grafia original)

Wikisource, a biblioteca livre


Quando te escuto e te ólho reverente
E sinto a tua graça triste e bella
De ave medrosa, timida, singéla,
Fico a seysmar enternecidamente.

5Tua voz, teu olhar, teu ar dolente
Toda a delicadeza ideal revéla
E de sonhos e lagrimas estrélla
O meu ser commovido e penitente.


Com que mágoa te adóro e te contemplo,
10Ó da Piedade soberano exemplo,
Flor divina e secréta da Belleza!

Os meus soluços enchem os espaços,
Quando te apérto nos estreitos braços,
Solitaria madona da Tristeza!