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Marília de Dirceu/III/VI

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Amor, que seus passos
ligeiro movia
por mil embaraços,
que um bosque tecia,

Nos ombros me acena
com brando raminho;
e logo me ordena
que siga o caminho.

Por entre a espessura
do bosque me avanço;
e atrás da ventura,
incauto, me lanço.

Já tinha calcado
os montes mais duros,
co peito rasgado
os rios escuros:

Eis que uma serpente,
a língua vibrando,
me crava o seu dente,
me deixa expirando.

Então, surpreendida
da dor que a traspassa,
minha alma ferida
aos beiços se passa.

As iras detesta
Amor. Isto vendo,
e as asas na testa
me bate, dizendo:

— Tu choras, tu gemes,
da serpe tocado,
e o braço não temes
de um númem irado?