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Marmores (1895)/Ballada/Egypto

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XVII
Egypto

No ar pesado, nenhum rumor, o menor grito;
Nem no chão calvo e secco o mais pequeno adorno;
Um velho ibe sómente arranca um raro piorno
Que cresce pelos vãos das lageas de granito.

A aura branda, que vem do deserto infinito,
Arripia, ao de leve, a agua do Nilo, em torno.
Corre o Nilo, a gemer, sob um calor de forno
Que, em ondas, desce do alto e invade todo o Egypto.

Destacando na luz, agora, o vulto absorto
De um adelo que passa, em caminho da feira,
Dá mais um tom de magua ao vasto quadro morto.

Bate na areia o sol. E, num sonho tranquillo,
Pompeia, ao largo, a alvura uma barca veleira,
A tremer, a tremer sobre as aguas do Nilo.