Memória sobre a ilha Terceira/IV/XIX
CAPÍTULO XIX Das freguesias do Pilar, São Bartolomeu, São Mateus e Belém ou Terra Chã Nossa Senhora do Pilar ou Cinco Ribeiras A dez quilómetros, pouco mais ou menos, distante da cidade, e para o lado ocidental da ilha, está a freguesia do Pilar ou das Cinco Ribeiras. Até 1861 pertencia este povoado à freguesia de Santa Bárbara, e possuía já uma pequena ermida de Nossa Senhora do Pilar, onde um capelão celebrava missa. Por decreto de 9 de abril daquele ano, foi elevado à categoria de curato, visto ter-se dado um grande aumento de população e a grande distância a que ficavam os seus habitantes da igreja paroquial. A ermida que existia era de pequenas dimensões, e projetou-se construir uma outra maior, benzendo-se a primeira pedra, com toda a solenidade, no dia 20 de maio de 1867. E, para se aproveitarem os materiais do antigo templo, foi permitida a sua demolição por despacho da autoridade eclesiástica de 23 de maio de 1867, sendo colocada na igreja paroquial de Santa Bárbara a imagem da Virgem. Procedeu-se rapidamente à construção do novo templo, e no 1.° de janeiro de 1871 benzia-se a primeira capela para a celebração da Missa, estando o resto por completar. À custa de donativos, alcançados com grande dificuldade, conseguiram
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completar a atual igreja em 1872, e que foi elevada à categoria de paróquia independente por decreto de 11 de julho de 1878. Este templo, elegante na sua arquitetura exterior, com largas janelas rasgadas, e tendo no cimo do frontispício um pequeno nicho, onde está assente sobre uma peanha a imagem de Nossa Senhora do Pilar, orago da igreja, está voltado ao sul, num espaçoso largo, no centro da freguesia. O templo tem uma só nave, bastante ampla e iluminada, tendo ao fundo a capela-mor, onde está, em camarim próprio, a imagem de Nossa Senhora, e aos lados as imagens de São José e São João Baptista. Saindo da capela-mor, encontramos do lado do evangelho três capelas ou altares: a do Santíssimo, a de Santo Cristo dos Milagres, com as imagens de santa Luzia e Santo Amaro, e a do Coração de Jesus, tendo aos lados São Francisco e Santo Antão. Do lado da epístola, e simetricamente dispostas a estas, estão as capelas de Nossa Senhora do Rosário, com um painel das Almas por detrás, a de Nossa Senhora da Conceição, com as imagens de Santa Ana e São Joaquim, e finalmente a de Santo Ivo, com as imagens de Santo César e Santo António. Por cima do para-vento da igreja corre um pequeno coro alto. A duzentos metros, pouco mais ou menos, distante da igreja, e para o lado do mar, está o cemitério, num plano inferior ao da Estrada Real, convenientemente murado, e com cento cinquenta e quatro sepulturas para adultos, e sessenta e quatro para crianças. Possui esta freguesia uma ermida inaugurada a 8 de agosto de 1902, sob a invocação de Nossa Senhora dos Milagres e pertencente ao Sr. Luís Jacinto Pacheco, e outra situada dentro do cemitério com a imagem do Senhor Jesus dos Aflitos. É atravessada por duas ribeiras: a das Cinco, e a do Mouro; e junta a esta freguesia passa a das Duas Ribeiras, que a separa de São Bartolomeu, e a da Praia, de que já falámos. Há, sobranceiro a esta freguesia, o Pico das Serretas, de pequena elevação, por detrás do qual fica o Pico dos Porcos, o das Duas e o da Falca. Esta freguesia comunica com a de São Bartolomeu pela Estrada Real e Canadinhas e com Santa Bárbara, pela Canada da Praia, e também a estrada litoral; e possui também as seguintes canadas: do Mouro, das Cinco, das Ribeiras e da Praia. Esta freguesia possui também um pequeno porto de mar, onde existem alguns barcos de pesca, e um pequeno forte, denominado de São Bartolomeu, já bastante arruinado e que fora construído em 1653 pela Câmara Municipal de Angra. A população desta freguesia é de 1:203 habitantes, distribuídos por 248 fogos. Não tem indústria especial e encontram-se ali alguns carpinteiros,
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ferreiros e carroceiros. O terreno presta-se à cultura de cereais, predominando a cultura do milho e da batata doce. São Bartolomeu No extremo oriental da freguesia do Pilar, encontram-se duas estradas, uma das quais é a litoral da ilha, e a outra, dirigindo-se um pouco para o interior da ilha, vai ter à freguesia de São Bartolomeu, situada a oito quilómetros, pouco mais ou menos, da cidade, e estendendo-se em parte à dita estrada litoral. Ignora-se a data precisa da sua criação, mas consta que em 1486, pertencia este povoado à freguesia de Santa Bárbara. Em 1500, segundo diz a tradição, foi edificada uma ermida, onde hoje é a igreja, à custa de D. Inês Álvares e seu marido, e é provável que até 1564 fosse elevada a curato, pois que o registo paroquial começa neste último ano; e desde então, sendo ampliado o templo e reformado, se transformou na atual igreja, colocada quase no centro da freguesia, e tendo São Bartolomeu como orago. O seu interior é dividido em três naves estreitas, tendo ao fundo a capela-mor, onde se vê ao centro a imagem de Nossa Senhora do Socorro, tendo aos lados São Bartolomeu e São Francisco. Em cada uma das naves laterais existem três capelas: na do lado do evangelho, a das Almas, a de Nossa Senhora da Conceição, e a do Sacramento. Na primeira está a imagem do Senhor Jesus; e na segunda, a de Nossa Senhora, tendo aos lados Santa Ana e São Francisco de Borja. Do lado da epístola, está uma capela com a imagem de Santo Antão e aos lados Santo Amaro e São João Baptista; outra, com a de Nossa Senhora do Rosário e as imagens de São Pedro e São Luís, Rei de França ; e finalmente a terceira com Santo António. Sobre a porta de entrada corre um coro alto, com um pequeno órgão, já deteriorado, e que pertencia à igreja de São Pedro de Angra. Ao lado sul da igreja, fica o cemitério com cento e quarenta e cinco sepulturas, e convenientemente murado. Esta freguesia estende-se para o sul da ilha, abrangendo uma pequena parte do litoral, e quase no extremo desta, encontramos uma pequena ermida, mandada construir pela família Fischer, da ilha de São Miguel, e que hoje pertence ao proprietário, Sr. Francisco da Rocha Vaz. Nesta ermida há um só altar com as imagens de Jesus Maria José, São Joaquim e Santo António. Esta freguesia não é montanhosa, como as antecedentes, e só lhe fica sobranceiro o Pico dos Padres, pouco elevado. É atravessada por duas ribeiras: uma, denominada Ribeira da Ponte, e a outra, Ribeira das Duas, que a separa da freguesia antecedente.
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Comunica com a freguesia do Pilar, pelo Caminho do Meio, que termina na estrada litoral, e por uma estreita canada, denominada das Cinco. Com a freguesia de São Mateus, pelas seguintes canadas: Igreja e da Cruz Dourada; com a freguesia de Belém, pela continuação desta última, Caminho da Cruz, Caminho do Funchal e Escampadouro. Finalmente com a cidade e diretamente pelo Caminho do Meio. Possui também outras canadas, que são : da Cova, da Fajã do Barro, do Ferreiro, dos Regatos, da Castelhana, das Duas, da Ribeira da Ponte, e uma outra, entre esta ribeira e a das Duas. O terreno desta freguesia é fértil, e a cultura predominante é de trigo, milho, tremoço, batata doce e vinha. Esta freguesia possui 2:021 habitantes, distribuídos por 527 fogos. Não tem indústria própria, e ali se encontram carroceiros, galocheiros, pedreiros, carpinteiros, um ferreiro e algumas mercearias. São Mateus A cinco quilómetros distante da cidade, seguindo a estrada litoral de oeste, encontra-se à beira-mar a freguesia de São Mateus da Calheta, anterior a 1568. Tem proximamente quatro e meio quilómetros de comprimento, e a sua igreja paroquial fica no extremo sudoeste, sobre o promontório mais saliente da freguesia. Este templo, bastante antigo, tem uma só nave, e ao fundo está a capela-mor com um camarim próprio, diante do qual está a imagem de Nossa Senhora da Conceição, tendo dos lados São Mateus, orago da igreja, e São Domingos de Gusmão. Fora desta capela encontra-se, do lado do evangelho, uma só com a imagem do Senhor Jesus das Chagas, ao centro, tendo adiante e um pouco abaixo Santo Antão, e aos lados as imagens de Nossa Senhora da Boa Viagem e a de Santo António, considerado como protetor da classe marítima da freguesia. Do lado da epístola encontra-se também uma só capela, com a imagem de Nossa Senhora do Rosário, tendo aos lados São José e São Francisco. Sobre o pórtico da igreja corre um pequeno coro alto, e sobre a porta lateral, do lado da epístola, está um outro com um pequeno órgão. Este templo antigo e construído sobranceiro à rocha, de há muito que reclamava a sua remoção para outro ponto mais central e acessível ao povo desta freguesia. Em 21 de setembro de 1895 foi lançada a primeira pedra do novo templo, no ponto mais alto da freguesia, e que, depois de completo, ficará sendo a igreja maior de todas as freguesias rurais da ilha. Esta freguesia que, na sua maior parte está situada à beira-mar, tem também uma pequena extensão de terreno, que lhe pertence, mais ao centro
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da ilha, continuando com a freguesia de São Bartolomeu, no Caminho do Meio, do mesmo modo que esta última freguesia se estende também para a estrada litoral, ficando entre as Cinco Ribeiras e São Mateus. A três quilómetros da cidade, começa a freguesia, sendo a sua primeira casa a do Comendador Fonseca, e que hoje pertence ao Ex.mo Sr. Barão do Ramalho. Esta propriedade possui uma pequena ermida de Santo António, com um só altar, onde esta a imagem do Santo. Logo a seguir, encontra-se a ermida de Nossa Senhora das Mercês, com um só altar onde está a imagem da Virgem, fundada pelo morgado Cândido de Menezes, bisavô do seu atual proprietário, o Ex.mo Sr. Dr. Cândido de Menezes. Seguindo pela estrada marginal da ilha, e a pouca distância desta última ermida, entra-se num pequeno largo, denominado da Luz, ficando ao lado esquerdo um poço de água salobra, em frente à estrada litoral, e à direita a Canada da Luz, que não tem saída, e a de São Vicente Ferreira, que vai terminar no Caminho do Meio. Na primeira encontra-se a ermida de Nossa Senhora da Luz, que consta ter sido fundada pelos antepassados da ilustre família de D. Henrique de Brito do Rio, já falecido, e que hoje pertence à Junta de Paróquia da freguesia de São Mateus. Foi reconstruida pelo extinto Bispo D. João Maria Pereira do Amaral e Pimentel, e tem três altares. Ao fundo, na capela-mor, está a imagem de Nossa Senhora de Lourdes; no altar do lado da epístola, Nossa Senhora da Luz, e do outro lado São José. Na outra canada, encontra-se também uma ermida de São Vicente Ferreira, na propriedade do Sr. Manuel Joaquim de Freitas, antigo capitão da marinha mercante, e atualmente no Rio de Janeiro. Tem um só altar, com as imagens de São Vicente Ferreira, orago da ermida, e aos lados Nossa Senhora da Conceição, Santo António, Santa Ana e São José. Esta ermida é frequentada todos os anos por alguns romeiros que vão às festas populares de São Carlos, chegando por vezes a pernoitarem na sacristia e ermida. Logo adiante do Poço da Luz, começam as habitações dos pescadores, muito regulares e boas para o que eram em épocas não muito remotas, e em frente às primeiras casas, os vestígios de um pequeno forte denominado da Má Ferramenta, e um pouco adiante o Forte Grande, em estado sofrível de conservação. Estes fortes, bem como os que se seguem nesta freguesia, foram mandados construir pelo governador Ciprião de Figueiredo. Em frente a este último forte está a Canada da Arruda, tendo logo ao princípio o lindo chalet do Ex.mo Sr. Luís do Canto e Castro Merens de Távora, com a ermida de Nossa Senhora da Candelária, ou das Candeias, com um só altar, onde está a imagem da Virgem. A seguir ao Forte Grande, está o pequeno porto de São Mateus, que
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serve de varadouro aos barcos de pesca, e onde está também uma companhia da pesca da baleia. Continuando pela Estrada Real, chega-se mais adiante, ao largo do Terreiro de São Mateus, tendo, à esquerda, o caminho para a igreja paroquial, e, à direita, a Canada do Capitão-Mor, onde está logo ao princípio a ermida de São João Baptista, na propriedade do falecido Visconde de Bettencourt, que foi o seu fundador, e com um só altar onde está a imagem do Precursor. Próximo da atual igreja, e para o norte, fica o cemitério da freguesia, com trezentas e uma sepulturas, sendo cento e oitenta e duas para adultos e cento e dezanove para crianças. Logo adiante da igreja, e seguindo a estrada litoral, encontra-se o pequeno porto do Negrito, com lugar próprio para varadouro de barcos, e onde têm estado algumas canoas baleeiras. Possui também um forte denominado do Negrito, que tem servido de residência aos tripulantes das canoas, e que se encontra em mau estado de conservação. Entre ele e o Forte Grande existiam também o Forte do Biscoitinho, em mau estado, o da Maré e o do Ferreiro, que já não existem, o Forte da Igreja, bastante deteriorado, e o dos Barreiros, ameaçando ruína. Na parte da freguesia que está no Caminho do Meio, confinando com a de São Bartolomeu, encontra-se a quatro quilómetros, pouco mais ou menos da cidade, uma pequena ermida, denominada de São Francisco das Almas, e onde se tem tentado estabelecer um curato sufragâneo, não só pela distância a que ficam os habitantes deste povoado, como também pelo seu número, que tem aumentado rapidamente. Nesta ermida, cuja fundação se ignora, e que hoje pertence à Ex.ma viúva de Joaquim Teixeira Brasil, há um só altar, com as imagens de Nossa Senhora da Conceição, Santo António, São Francisco, orago, e Santa Teresa. A freguesia de São Mateus comunica com a cidade pela Estrada Litoral, e Caminho do Meio; com a freguesia de Belém, pela Canada da Francesa e Canada dos Folhados; e com a de São Bartolomeu pelo Caminho do Meio, Canada de São Bartolomeu, Canada da Cruz Dourada e Estrada Litoral. Possui também, a Rua da Igreja Nova, que vai terminar na Canada do Capitão-Mor; a Rua da Boa Viagem, Canada de Arruda, que vai ter ao Caminho do Meio ; Canada dos Pisões, que liga a Canada de Arruda com a do Capitão-Mor; a do Escorregadio, do Pombal, do Bravio, do Pico, do Porto, de Entre Vinhas, a Canada Nova de Cima, a dos Calços, a de Pedro António, a do Canhoto, e a dos Arrifes. Esta freguesia tem 2:281 habitantes, distribuídos por 614 fogos ; e a sua população está dividida em duas classes: a marítima e a camponesa. A primeira encarregada da pesca e salga do peixe, e a segunda do trabalho das terras, predominando a agricultura, nesta freguesia, em batata doce, horta e vinha.
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O seu comércio mais importante, e que tem concorrido para o progresso, desenvolvimento e riqueza da freguesia, é de peixe salgado, que exportam para todas as ilhas dos Açores, com exceção de Santa Maria e Corvo. Belém ou Terra Chã Ao noroeste da cidade de Angra, e à distância de quatro a cinco quilómetros, pouco mais ou menos, encontra-se a freguesia de Belém ou Terra Chã, outrora a mais bela e rica de todas as freguesias da ilha Terceira, pela abundância dos seus frutos e riqueza dos seus vastos laranjais e extensas matas. Hoje está delimitada, ao norte, pelo Pico da Bagacina; ao sul, pelas canadas dos Folhadais, de Belém, do Rolo, Caminho do Meio e Canada Francesa; pelo nascente, pela Canada do Posto Santo, e Caminho de Cima até às Bicas de Cabo Verde; e pelo poente, pelas canadas dos Regatos, Dourada, Garridas e do Almoxarife. Em 1570, edificava o fidalgo Sebastião Álvares uma pequena ermida, sob a invocação de Nossa Senhora de Belém, em frente à canada do mesmo nome, onde hoje está a paroquial. Em 1674, foi elevada a curato sufragâneo da freguesia de São Pedro de Angra, tendo sido doada ao povo, em 1670, por um descendente de Sebastião Álvares, e ascendente do Ex.mo Sr. Alfredo Pamplona Machado Corte Real. Como as dimensões do templo fossem pequenas para o número de habitantes daquele povoado, construiu-se o atual templo no mesmo local da velha ermida e em terreno generosamente oferecido pelo morgado João Moniz Corte Real, também descendente de Sebastião Álvares. Benzeu-se a primeira pela a 21 novembro de 1846, e em 1857 abria-se ao público, tendo sido já elevada a paróquia em 1852. Durante aquele espaço de tempo, os atos religiosos tiveram lugar na ermida de Santa Luzia. A sua arquitetura exterior nada tem de notável, e no seu interior, que é de uma só nave, divisam-se três altares. Ao fundo está a capela-mor com três imagens, quase em tamanho natural, adquiridas em 1889, e que são : ao centro e à entrada do camarim, Nossa Senhora de Belém, orago da igreja, tendo à direita São José, e à esquerda São João Baptista. Na capela lateral, do lado do evangelho, está a imagem de Nossa Senhora do Carmo, e na do outro lado, o Sagrado Coração de Jesus, Espírito Santo, Santo Antão, e uma primorosa imagem de Santo António. Sobre o para-vento da igreja corre um pequeno coreto, existindo também um outro, do lado da epístola. Nesta freguesia encontram-se seis ermidas públicas, e uma profanada.
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A primeira, ao entrar na freguesia, é a da Boa Hora, na quinta deste nome, e que se diz ter sido fundada, em tempos remotos, por um eclesiástico. Pertence ao Ex.mo Sr. Francisco Borges Leal. Logo a seguir, para o lado do Posto Santo, temos a ermida de Nossa Senhora de Nazareth, hoje dedicada a Jesus Maria José, na quinta do Pedregal, pertencente ao Ex.mo Sr. Emídio Lino da Silva. Foi fundada pelos ascendentes da atual família Fischer, da ilha A São Miguel. Partindo do pequeno largo da Boa Hora, e dirigindo-nos para a freguesia, temos logo ao começo a ermida de Nossa Senhora da Guia, na quinta deste nome, fundada em 1827 ou 1828 pelo Dr. Roberto Luís de Mesquita Pimentel. Pertence hoje ao distinto médico Dr. Rodrigo Zagalo Nogueira. Mais adiante, a capela ou ermida de Nossa Senhora dos Prazeres, fundada pelos ascendentes do morgado José Leite Teves Botelho, e pertencendo hoje ao Ex.mo Sr. João Carlos da Silva. Ignora-se a data da sua fundação. Na canada do Rolo, e quinta do mesmo nome, a ermida de São Francisco Xavier, pertencente à Ex.ma Sr.ª Condessa de Sieuve de Menezes, fundada em 1688 por Francisco Salazar e sua esposa D. Ana da Câmara. Esta capela está profanada. Na quinta de Santa Luzia, no largo da Terra Chã, uma outra ermida com aquele nome, e que hoje pertence ao Ex.mo Sr. Francisco de Paula de Barcelos Machado Bettencourt. Esta capela, que foi ultimamente reedificada, já existia em 1696, e provavelmente foi fundada pelo morgado Sebastião de Andrade Teixeira, casado com D. Francisca Rosália Teves Ormonde. Como não houvesse sucessores na família, que era riquíssima, a quinta de Santa Luzia, bem como os outros bens, foram divididos, por testamento do último administrador Manuel Sebastião de Andrade Teves de Ormonde Teixeira, por três casas vinculadas: José Leite Teves Botelho, João Moniz Corte Real, e Carvalhal, de Val-de-Linhares, a quem pertencia a quinta que é também conhecida pelo nome de Quinta dos Carvalhais. Finalmente, temos a ermida de Vossa Senhora do Rosário, cujo proprietário é também o distinto cavalheiro Ex.mo Sr. Francisco de Paula de Barcelos Machado Bettencourt, que foi fundada há cerca de um século, por um ascendente de Manuel Maria de Mesquita, já falecido. Possui esta freguesia lindos pontos de vista, desconhecidos para a maior parte dos angrenses, e que são: o do cume da Serra da Fonte Faneca, donde se descobre toda a costa do sul da ilha, desde a Serra da Praia até à de Santa Bárbara; o da Alta Vista, na quinta do falecido Miguel de Barcelos; o do Pico dos Pimpões; o da quinta do Ex.mo Sr. Diogo de Barcelos Machado Bettencourt, etc. A freguesia de Belém comunica com a de Santa Luzia de Angra pela Canada do Posto Santo, Caminho das Roças e do Pedregal; com a freguesia de São Pedro, pelo Caminho de Cima, Canada dos Folhadais e Canada de
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Belém; com a de São Mateus, pela dita Canada de Belém, Canada Francesa e Canada dos Folhados; e com a freguesia de São Bartolomeu, pela Canada do Almoxarife, Caminho do Funchal e Garridas. Tem também: o Caminho do Pedregal, o das Lajes, da Matela, dos Três Cantos, a Canada da Travessa, a da Fonte Faneca, dos Pomares, e a do Rolo. A sua população é de 1:251 habitantes, distribuídos por 366 fogos. Não tem indústria própria, e o seu comércio reduz-se à venda de lenhas, frutas e exportação de gado.
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