Meu Benzinho, Diga, Diga...(Variação)

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VARIANTE DO RIO GRANDE

- Meu benzinho, fala, fala,
Por tua boca confessa
Se algum dia tu tiveste
Amor que mais te quisesse.
Mas confesso que não tive
Quem mais trabalho me desse.
"Se mais trabalho te dei,
Por tua mão procuraste,
Que de casa de meus pais
Bem raivosa me tiraste.
Se raivosa te tirei,
Por me ver tão perseguido,
Quantas e quantas vezes
Bem me tenho arrependido!
- Porque te arrependes, ingrata
Tendo eu um gênio doce?
Prouvera que eu fosse amoroso,
Não andavas tão desgostosa.
Que desgostosa tu vives,
Vivendo desta sorte;
Te prometo lealdade.
Lealdade até à morte.
"Pois eu sinto e sentirei.
Sinto mil ingratidões;
Sinto ser uma dona
E roubada dos ladrões.
Eu dos ladrões nunca fui,
E te juro de não ser,
Enquanto viver sujeita
Debaixo de teu poder.
- Debaixo de meu poder
Foi que tiveste valia;
Que saindo para fora
Acabas a fidalguia.
"Fidalguia sempre tive,
Que disto me hei de gabar,
Que com gente doutra esfera
Não me hei de misturar.
- Misturar hei de por força,
Que isto vem de geração;
Que as meninas destes tempos
Não sé dão à estimação.
"Estimação não se dão
Só aquelas que são pobres;
Que uma rica como eu
Só procura gente nobre.
- Gente nobre hei de por força,
Que isto vem por festejar;
Que o pior é dar-lhe um couce,
E o melhor vem a ficar.

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Já sei que queres dizer...
Queres dominar o meu corpo,
Isto me dás a entender.