Saltar para o conteúdo

Meu anjo, escuta

Wikisource, a biblioteca livre

MEU ANJO, ESCUTA.

Le mal dont j’ai souffert s’est enfui comme um rêve,
Je n’en puis comparer le lointain souvenir
Qu’à ces brouillards légers que l’aurore souleve
Et qu’avec la rosée on voit s’évanouir.


Meu anjo, escuta: quando junto á noite
Perpassa a brisa pelo rosto teu,
Como suspiro que um menino exhala;
Na voz da brisa quem murmura e falla
Brando queixume, que tão triste cala
No peito teu?
Sou eu, sou eu, sou eu!

Quando tu sentes luctuosa imagem
D’afflicto pranto com sombrio véo,
Rasgado o peito por acerbas dores;
Quem murcha as flores
Do brando sonho? — Quem te pinta amores
D’um puro céo?
Sou eu, sou eu, sou eu!

Se alguem to acorda do celeste arroubo,
Na amenidade do silencio teu,
Quando tua alma n’outros mundos erra, —
Se alguem descerra
Ao lado teu
Fraco suspiro que no peito encerra;
Sou eu, sou eu, sou eu!

Se alguem se afflige de te ver chorosa,
Se alguem se alegra co’um sorriso teu,
Se alguem suspira de te ver formosa
O mar e a terra a ennamorar e o céu;
Se alguem definha
Por amor teu,
Sou eu, sou eu, sou eu!