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Nace hum Menino esta noite

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Nace hum Menino eſta noite,
Que dizem, que he no ſeu modo
Todo pam de trigo em palhas,
Todo em Belem gram ſem joyo.

Donde eſte Menino eſtà
Ponhamſe os mais de lodo,
Que elle dà vida a ſuſpiros,
Que elle almas infunde a ſopros.

Mandouo ſeu Pay ao mundo,
Porque deſeja, & tem goſto,
De o ver hum homem feito,
Hum homem, que ganhe aos outros.

E elle aſſim o Menino,
Ganha tanto era tudo a todos,
Que nas correntes de hum pranto
Solta as priſoens de hum ſo pomo.

Eu fico que ſe elle chega
Com vida a feſta de Corpus,
Que fique (por Deos ſagrado)
O rapaz, ſenhor do bolo.

Em fim he tal o Menino,
Que por Deos, que o trazem de olho
Os frades para profeſſo,
E as freiras para Eſpoſo.

Eſtribilho.

Mas com tudo o Menino,
Diz amoroſo,
Que ſe todos o querem,
Elle he de todos.

Coplas.

Quem mais bulha faz hoje,
Sam ſò os frades,
Que ſòmente para elles
Julgam que nace.

Os de Chriſto Senhores,
Vendo ao Menino,
Na Cruz juram do peito,
Que he ſeu por Chriſto.

Mas os Pauliſtas querem
Seja Pauliſta,
Pois hade hir para o Ermo,
Ser Eremita.

A franciſcana toda,
Que he ſeu publica,
Porque nam dorme em cama,
Nem tras camiza.

Mas porem pomlhe embargos
Hoje os Vicentes,
Pois de Santa Cruz dizem,
Que hade ſer elle.

Dizem os Caetanos,
Que he ſeu de veras,
Porque foi ſempre padre,
Da Providencia.

Mas ſer ſò ſeu confeſſam
Os Ieſuitas,
Por ſer ſempre o Menino
Da companhia.

Os Hyeronimos cuidam,
Que ſo ſeu he,
Pello verem com mula
Poſto em Belem.

Os da Graça com tudo
Moſtram às claras,
Que inda quando na terra,
Todo he de graça.

Que ſò ſeja ſeu Monge
Os Bentos querem,
Porque o fruito deſta Ave,
Bento foy ſempre.

Mas os trinos, ſenhores
Damlhe dois trincos,
Pois por Deos hoje juram,
Que elle que he trino.

Sò terceiro nam pode
Ser porque he ſerto
Que he na ordem ſegundo,
E nam terceiro.

Eſtribilho.

Mas com tudo o Menino,
Diz amoroſo,
Que ſe todos o querem,
Elle he de todos.