O Boi Surubim
Nasceu um bezerro macho
No curral da Independência,
Filho de uma vaca mansa
Por nome de Paciência.
Quando o Surubim nasceu
Daí a um mês se ferrou
Na porteira do curral
Cinco touros enxotou.
Na porteira do curral
Onde o Surubim cavou
Ficou um barreiro tal
Que nunca mais se aterrou.
Na praça da cacimba
Onde o Surubim pisou
Ficou a terra acanhada,
Nunca mais capim criou.
Um relho de duas braças,
Que o Surubim amarrou,
Botou-se numa balança,
Duas arrobas pesou.
Fui passando num sobrado,
Uma moça me chamou:
— Quer vender o Surubim?
Um conto de réis eu dou.
"Guarde o seu dinheiro, dona,
O Surubim não vendo, não.
— Dou um barco de fazenda,
De chita, e madapolão.
"Este meu boi Surubim
É um corredor de fama,
Tanto ele corre no duro,
Como nas vargens de lama.
Corre dentro, corre fora,
Corre dentro na catinga;
Corre quatro, cinco léguas
Com o suor nunca pinga.
Quando o Surubim morreu,
Silveira pôs-se a chorar:
Boi bonito como este
No sertão não nascerá:
Eu chamava, ele vinha:
— O-lé, o-lô, olá...