O Duelo

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Após uma discussão na Associação de Imprensa, durante a qual se haviam atirado insultos pesados, tinham os dois jornalistas resolvido bater-se em duelo. Um e outro eram, porém, avessos a essas manifestações militares, de modo que foi como bois arrastados para o matadouro, que seguiam naquela manhã friorenta de maio, para o chamado campo da honra.

Escolhido o local, a Quinta da Boa Vista, próximo ao lago onde as ninféias desabrochavam, as testemunhas puseram os dois contendores, a pistola na mão, um em frente ao outro, a dez passos de distância: Martinho Lopes, do lado dos bambus, e Feliciano Gadelha, d lado da água.

Chegara o momento solene. O braço estendido, escutaram, ambos, a voz de comando:

— Um!... Dois...

Nesse ponto, antes da ordem final, o braço do Feliciano caiu.

— Protesto! — bradou o desgraçado, abandonando a arma e deixando a posição. — A situação é muito desigual.

E, pálido, as mãos trêmulas, indicando o adversário:

— Ele está com muito menos medo do que eu!