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O enterro (Luís Delfino)

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O caixão era lindo e pequenino,
Forrado de cetim branco por fora:
Sobre cetim azul dormia a aurora
Dentro na forma esbelta de um menino.

Como festivo altar, que se decora,
Tinha o berço galões de oiro o mais fino:
Que sono fundo o pobre ser franzino
Ia nele a dormir, dormindo agora.

Quatro meninas lívidas de susto,
Segurando as argolas amarelas,
Vão-no levando a passo lento, e a custo.

Sob o véu branco e as rosas das capelas,
Acham que é tudo aquilo iníquo e injusto,
Podendo ir, depois dele, alguma delas.