Obras poeticas de Ignacio José de Alvarenga Peixoto (1865)/A lastima

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A LASTIMA
NA MASMORRA DA ILHA DAS COBRAS LEMBRANDO-SE DA FAMILIA

Eu não lastimo o proximo perigo,
Nem a escura prisão estreita e forte;
Lastimo os caros filhos e a consorte,
A perda irreparavel de um amigo.

A prisão não lastimo, outra vez digo,
Nem o ver imminente o duro córte;
É ventura tambem achar a morte
Quando a vida só serve de castigo.

Ah! quão depressa então acabar vira
Este sonho, este enredo, esta chimera,
Que passa por verdade e é mentira.

Se filhos e consorte não tivera,
E do amigo as virtudes possuíra,
Só de vida um momento não quizera.