cacia, de que tirava alguns recursos para a subsistencia, até que falleceu a 24 de Fevereiro de 1861, na cidade da Conceição do Sêrro.
Aureliano teria sido um dos mais fecundos e brilhantes poetas de nossa época, se várias circumstancias, algumas das quaes inherentes à sua propria natureza, não o tivessem feito declinar da orbita elevada que o seu grande talento lhe traçava, se sua debil organização physica podesse resistir às crueis provações a que o poeta como de capricho a sujeitava.
Aureliano, como já disse, parecia não fazer caso algum da glória, e muito menos da vida e da saüde. Escrevia e improvisava versos por passatempo, e porque rendia ás musas fervoroso culto. Havia nelle um tal desapêgo da existencia, uma tão completa indifferença pelo seu destino presente e futuro, que é difficil de explicar.
Esse estado da alma não era por certo resultado de exaltação mystica, nem de um philosophismo elevado como o de Socratis; o espirito ligeiro e brilhante de Aureliano, posto que fosse crente e accessivel ao sentimento religioso, nenhum pendor revelava para as contemplações asceticas, e nem se occupava em reflectir sôbre a nihilidade desta vida, nem sôbre as glórias da outra. Tambem não podia provir de nenhum desalento profundo, de nenhuma occulla mágoa que o desgostasse da vida ; sua physionomia sempre jovial,