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A CONFEDERAÇÃO DOS TAMOYOS

Que ao homem, inda que bruto, jamais falta
P’ra o que mais lhe é mister a intelligencia.
Aqui e alli em circulo levantam
Cem fogueiras que as feras afugentem,
E dest’arte seguros e tranquillos
Sobem aos troncos, e entre os ramos buscam
Leito p’ra o somno, asylo contra as feras.

Já tudo dorme emfim, é alta noite.
O fogo despertou as jararacas,
Inimigas do fogo, que dormiam.
Eil-as silvando vem, o fogo investem,
Debatem-se com elle; ora recuam,
Erguem-se inchadas, cahem sobre as fogueiras;
Esta já salta, e a cauda o chão açouta;
Aquella gyra no ar como um corisco;
Ora em torno se arrastam, té que o extinguem.
Só esparsos carvões e cinzas restam.
Quaes, luctando co’as brazas, se queimaram;
Quaes feridas, co’a dôr no chão se enroscam,