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A CONFEDERAÇÃO DOS TAMOYOS

Como melhor me cobrem estas vestes,
De tecido tão fino e côr tão linda,
Que excedem na belleza ás vossas plumas.
Vê agora esta espada como corta!
E esta espingarda, que nas mãos ’stá firme,
E vale mais que centos dessas flechas.
Olha, vê tudo bem, observa e nota.
Dize tu mesmo agora, Jagoanharo,
Não achas que é melhor viver tranquillo,
Gozando destes bens, tendo tudo isto,
Do que errante viver por entre os bosques,
Sempre incerto, arriscado, e exposto ás feras?
Não achas que é melhor que aos Portuguezes
Nós todos nos unamos? Que casemos
Nossos filhos co’os delles? Que façamos
Uma nova nação, grande e temida
Dos Tapuyas, que comem carne humana,
E de quantos a nós moverem guerra?
Si amas a independencia e a liberdade,
Tu não as perderás como eu vivendo
Sujeito a Deos, ao Rei, ás leis que impedem
Que a seu prazer o forte roube ao fraco.