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CANTO V.
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Já conduzil-o á igreja pretendia
Naquelle mesmo instante, e apresental-o
Ao venerando Anchieta, que lá ’stava
Os neophytos sempre doutrinando.

Do filho de Araray a alma incorrupta
Tinha toda a altivez e a magestade
Da virgem Natureza que a formára!
Era um bello diamante em rude crosta!
Tudo elle rejeitou! Não pôde a offerta
Mais do que a razão! Quão poucas vezes
Isto acontece assim! « Nada ha que possa,
Disse, fazer que eu traia a minha gente.
Ainda que o teu Rei me desse o dobro
De quanto tu agora me promettes,
Não deixaria os meus para servil-o,
Sacrificando a alheia liberdade. »

Podemos lamentar a ignavia do homem,
A rudeza do espirito selvagem;