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CANTO VI.
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Outra vida em silencio, e desenvolve
Essas ligeiras azas com que um dia
Esvoaçará nos ares perfumados,
Onde em quanto reptil não se elevára;
Assim a alma no somno concentrada,
Nesse mysterio que chamamos sonho,
Preludiando a vista do futuro,
A posthuma visão preliba ás vezes!
Faculdade divina, inexplicavel
A quem só da materia as leis conhece.

Elle sonha… Alto moço se lhe antolha
De bello e santo aspecto, parecido
Co’uma imagem que vira atada a um tronco,
E de settas o corpo traspassado,
N’um altar desse templo onde estivera,
E que tanto na mente lhe ficára.

– Vem, lhe diz: e ambos voam pelos ares,
Mais ligeiros que o raio luminoso