Começou então a rapariguinha a emagrecer e a definhar-se como uma flor que se estiola ao frio do desamparo.
A mãe mal podia acariciá-la, e como a cunhada a detestava, raras vezes podia ir vê-la, e nessas mesmas, apressadamente e cheia de cuidados.
Depois, preocupada com a educação do filho e com as dificuldades da sua vida, nas fugitivas e poucas horas em que via a filha, não atentava muito na rapida transformação physica que se operava na pobre rapariga.
Um dia que Lia viu a mãe mais palida e abatida que de costume, compreendendo a situação dificil em que esta se achava, tirou as perolas do pescoço, e ficando unicamente com a cruz que prendeu numa fita, pediu insistentemente à mãe que as aceitasse, toda aflita perante as recusas d'esta.
Por fim, a pobre mãe levou-as. Que havia de fazer, se tinha de dar de comer ao outro filho?
A este tempo, Lia, que foi sempre um tanto orgulhosa, preocupava-se muito com a ideia de se não tornar pesada, e então trabalhava imenso, ás vezes até de madrugada, adormecendo exansta e extenuada, levantando-se poucas horas depois, mais fraca e abatida.
O producto do seu trabalho, roupas, bordados, rendas, que fazia para as lojas, entregava-o á tia.
Mas, nem mesmo cansada de trabalhar, a pobre rapariga conseguia o afecto da D. Purificação. Era quasi aversão o que esta ultimamente parecia dedicar à sobrinha.