Naquele dia estava esplendida de graça, nunca o seu espirito caustico e atrevido brilhára tanto, nem os seus atractivos, de mundana caprichosa, tinham entusiasmado os seus admiradores como naquele alegre jantar.
— Que faremos agora? — consultavam ao levantarem-se da mesa.
O Arthur, muito atenciosamente, respondia:
— A Maria Julia que diga, ela é quem manda.
— Vamos á Trindade? — alvitrava um.
— Um passeio a Cascaes, pela fresca, faz um calor! — lembrava outro.
E ela, que não. Era tudo massada, não havia divertimento algum. Em setembro era estupido permanecer em Lisboa, mas o Arthur tardava já em levál-a ao estrangeiro, e, francamente, já não ia gostando nada da graça.
— Mas, emfim, onde iremos? — repetiam êles — Vamos ao animatografo?
— Vamos á feira, à feira de Agosto — declarava, por fim, a rapariga — a gente sempre tem de se massar; vamos aquela semsaboria.
— Semsaboria com ela — exclamavam êles — impossivel!
Meteram-se no auto e partiram para a feira.
— Tem ideias, esta Maria Julia! Impagavel! repetia pela centesima vez um dos companheiros, rapaz de monoculo petulantemente encravado, que lhe franzia a face esquerda, de uma fórma detestavel, dando-lhe um ar de sublime idiota, que êle supunha d'um chic irresistivel para as mulheres. — Muito ga-