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Página:A Dança do Destino - Lutegarda Guimarães de Caires (1913).pdf/97

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A dança do destino
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dando uma cotovelada na sobrinha, disse-lhe baixinho, num tom repreensivo:

— As meninas não devem olhar para essas mulheres!

E curvou-se-lhe mais o nariz, numa expressão extraordinaria de desdem.

Maria Julia continuava mordiscando as favas, sem dar pelas indignações que despertava.

A sala ficou às escuras, começava o espectaculo.

Lá estava o Cretinete a fazer piruetas. Caia das janelas, caía dos telhados, metia-se pelas chaminés, pelos canos de esgoto, trambulhão aqui, ponta-pé acolá, gente esbaforida atrás d'êle, um sucesso!

Riam as meninas galantes, ria a austera tia, ria o publico em peso. Um delirio de risos!

Só a Maria Julia bocejava.

— Que massada! — dizia ela.

Outra fita Uma scena de adulterio. O marido saía radiante, ia fóra ganhar a vida; mas voltava inesperadamente e lá se davam as jocosas situações em que o amante, atrapalhado, se esconde debaixo das camas, nos armarios, em toda a parte, com graude gaudio dos espectadores e principalmente dos homens casados, que achavam uma graça espantosa ás scenas d'este genero.

Mas, de repente, a sua atenção ficou completamente absorvida.

Uma ruga cavou-se-lhe na testa. Estremecimentos nervosos agitavam-n'a. Impacientava-se se lhe falavam e a distraíam.

O que teria a Maria Julia?