luz uma clara-boia. N'essa sala viram dispersos, e em desordem... Ora adivinhem o que?...
Todos os utensilios de fazer... moeda falsa!!!
Esclareceu-se então a verdade; explicou-se o mysterio.
Mas por onde se escapou o falsario, ou falsarios?
Procuravam todos os circunstantes.
Antonio do curral como querendo responder a esta pergunta fazia novas indagações nas paredes da sala mysteriosa, e d'ellas resultou o descubrimento d'outra, a porta falsa! Aberta esta uma lufada de ar humido, pesado, e insolubre que costuma haver nos subterraneos, veio fustigar as faces d'esses homens que recuaram de involuntario terror.
Antonio do curral foi o primeiro que cobrou animo, e que chegou perto d'essa abertura feita na parede, mas que ia dar quem sabe aonde. Além d'ella só reinava trevas, e o silencio dos tumulos!
— Venha uma luz — gritou Antonio.
Um soldado olhou em roda de si para vêr se encontrava o objecto perdido, e com espanto não despido de terror viu a um canto uma caraça de papelão, que se lhe figurou uma caveira, com uma vela dentro. Exitou ainda antes de tirar esta, mas um novo pedido de Antonio decidiu-o.
A vela foi acesa, e á luz d'ella viram uma tortuosa escada que descia para as entranhas da terra.
Antonio precipitou-se por ella abaixo, após elle o primo de Vicentina, e todos os soldados.
A escada era longa; — no fim d'ella encontrara-mse em um corredor humido e escuro. No fim talvez de cem passos já precorridos, avistaram um pequeno raio de luz. Aproximaram-se. A luz vinha de cima por uma breve abertura a travez da qual se viam alguns ramos do bosque!
Era evidente que estavam no sitio em que o tio Joaquim viu sumir os dois homens pela terra abaixo.
— Mas como couberam elles por essa pequena abertura?
Repararam então que mais adiante havia uma lagea longa e lisa: empurraram-na, e ella cedeu, girou sobre uns gonzos de ferro e mostrou uma abertura batante longa para dar passagem a um homem. Transposta esta estava-se no meio do bosque, e a lagea boltando pelo seu proprio movimento ao seu lugar mostrava uma superficie musgosa que illudia perfeitamente.
Para que fôra feita aquella passagem subterranea? Ninguem o sabia, e ainda hoje é um mysterio para toda a gente do Nogueiral!
A aldéan'esse dia era uma perfeita torre de BAbel, ninguem se entendia porque... todos fallavam a um tempo.
As nossa amigas da tarde precedente lá foram tambem á casa negra fazer o seu auto de corpo de delicto, não sem primeiro se machucarem bem em agua benta, e de se munirem de um dente de alho, d'um bocainho de pão e folhas de oliveira benta que metteram cuidadosamente nas algibeiras.
Assim preparadas transpozeram os hombraes da casa negra na qual fizeram mil commentarios, e um d'elles era se o diabo não seria esse moedeiro falso? pois no entender das boas velhas não podia deixar de alli andar mão de satanaz.
Todas as pesquizas que fizeram para encontrar o mysterioso habitante da casa negra foram inuteis, e d'elles só colheram a certeza de que Diolimnda fora envenenada pelo seu raptor, no qual ninguem mais ouviu fallar.
A casa esteve ainda muito tempo deshabitada, por que os supersticiosos moradores do