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A ESTRELLA DO SUL

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riato o proprietario de uma tal pedra? Todas as classes de merecimento têem direito a ser apresentadas na camara alta, e possuir um diamante d'este tamanho não é de certo um merecimento vulgar!... Repara tu, filha, olha!... Não bastam dois olhos para admirar uma tal pedra.

Miss Watkins, pela primeira vez na sua vida, observou um diamante com algum interesse.

— É realmente muito formoso! Brilha como um bocado de carvão que é, mas como um carvão incandescente, disse ella tirando-o com delicadeza da camilha de algodão.

Depois, por um movimento instinctivo, que toda a rapariga na situação d'ella tambem teria, approximou-se do espelho que estava por cima do fogão e pousou a maravilhosa joia sobre a testa no meio dos seus louros cabellos.

— Uma estrella encastoada em ouro! disse com galanteio Cypriano, fazendo por excepção um madrigal.

— É verdade!... Parece uma estrella! exclamou Alice batendo as palmas. Pois é preciso dar-lhe esse nome. Baptisemol-a e chamemos-lhe a Estrella do Sul. Quer assim, senhor Cypriano? Não é ella negra como as bellezas indigenas d'este paiz e brilhante como as constellações do nosso céu austral?

— Pois seja Estrella do Sul! — disse John Watkins, que ligava pequena importancia a esta questão de nome. Mas tem cautella, não a deixes cair! continuou logo assustado com um movimento brusco que a joven fizera. Olha que se quebrava como se fosse vidro!

— Sim? Pois isto é assim fragil? respondeu Alice tornando a pôr a gemma na caixinha com bastante desdem. Pobre estrella, és apenas um astro para rir, uma vulgar rolha de garrafa!

— Uma rolha de garrafa! exclamou mister Watkins suffocado. As creanças nada respeitam!