Página:A Estrella do Sul.pdf/97

Wikisource, a biblioteca livre
A ESTRELLA DO SUL

91


pelles e das pontas de marfim ou das trocas com as tribus cafres entre as quaes se achava».

E terminava dizendo :

«Porque não vens dar uma volta commigo até ás margens de Limpopo? Hei de estar ali para o fim do mez que vem, e tenho tenção de descer o rio até á bahia de Lourenço Marques, para voltar por mar a Durban, onde me comprometti a ir pôr os meus Bazutos... Deixa lá esse horrivel Griqualand por algumas semanas, e vem ter commigo...»

Cypriano estava lendo a carta de novo, quando uma formidavel detonação, seguida de grande rumor em todo o acampamento, o fez levantar-se a toda pressa e atirar-se pela barraca fóra.

A turba dos mineiros, em grande desordem e commoção, precipitava-se para a mina.

«Um desabamento!» gritavam de todos os lados.

Effectivamente a noite tinha estado muito fresca, quasi glacial, ao passo que o dia antecedente fòra um dos mais quentes que havia muito se tinha sentido. Ora aquella especie de cataclysmos produziam-se quasi sempre depois d'essas mudanças repentinas de temperatura e das retracções que d'ellas resultavam no meio do massiço das terras postas a descoberto.

Cypriano apressou-se a caminhar para o Kopje.

Chegado lá viu de um pequeno relance o que tinha acontecido.

Um enorme lanço de terra, da altura de sessenta metros pelo menos e do comprimento de duzentos, tinha-se fendido verticalmente, formando uma abertura parecida com a brecha de uma fortaleza desmantelada. D'ali tinham saído muitos miIhares de quintaes de cascalho, que rolára por sobre os claims enchendo-os de areias, de entulhos e seixos. E tudo o que n'aquelle momento se achava em cima do muro de terra, ho-