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Argemiro sentiu nessa manhã, pela primeira vez, uma certa curiosidade de ver Alice; mas não procurou pretexto para isso, certo de que, estando muitas horas em casa, forçosamente esbarraria com ela por acaso. Deixava pois, e de bom grado, a esse senhor a responsabilidade do encontro. Daí, a idéia moça trazia-lhe à lembrança umas pobres botinas cambadas...

O seu gabinete reluzia de asseio, cheirava bem, não precisava de mais nada.

Começou tranqüilamente a leitura dos jornais.

Estava em meio de um artigo, quando o padre Assunção bateu à porta.

– Então! Preguiçoso!

– Entra. Como vês! Tens razão, preguiçoso! E nunca tanto como agora... absolve-me e senta-te.

– Cá estou... bravo, como esta cadeira está bonita!...

– Que cadeira? homem, é verdade... hás de crer? Ainda não tinha reparado... agora me lembro, ela tinha o estofo do espaldar esgarçado... Este lírio seria pintado por d. Alice?

– Se te não pôs na conta do estofador...

– Posso verificar já. Ontem à noite recebi uma caderneta com a nota das despesas do mês e... pasma, saldo a meu favor! Eu não dizia que o Feliciano era um abismo?