ainda, bem que arruinado, naquele país, em terras limítrofes da Espanha, à beira de um rio espelhento e de pinheirais perdidos, – era um homem ainda moço, robusto, de carnes sólidas e uns olhos negros, em que talvez a raça árabe transparecesse ainda, adoçada pelo cruzamento com a lusitana. A barba preta talhada rente ao rosto pálido, tinha já um ou outro fio prateado, e o cabelo muito curto desenhava-lhe a cabeça redonda e forte. Tinha as mãos pequenas, a atitude preguiçosa, em contradição à energia do tipo. Viúvo há sete anos de uma formosa senhora, cujo retrato aparecia em todos os cantos da casa, ele protestara não tornar a casar-se.
A mulher, filha dos Barões do Cerro Alegre, levara-lhe a melhor porção da sua vida.
Do primeiro ano do seu casamento, que durara cinco, existia uma filha, Maria da Glória. Vivia esta menina com os avós maternos, numa chácara dos subúrbios, e andava agora pelos seus onze anos e os rudimentos de português e de música. Tanto como o pai e os avós, por ela se interessava o padrinho, padre Assunção. Sem interromper a partida, o deputado Armindo Teles gabou-se:
– Foi hoje um dos dias mais belos da minha vida; não preciso de mais nada para julgar-me compensado dos enormes sacrifícios