E ela, então, gemia desconsolada:
– Até lá, onde estarão os meus ossos! – como se a idéia da morte a tranqüilizasse.
Se os pensamentos a atormentavam de dia, à noite perseguiam-na os sonhos. Alice, sempre a Alice, apresentava-se-lhe sob diversas formas, mas sempre com as mãos que nem garras.
A insistência da idéia penetrava-a de crenças novas. Debateu-se em vão, concentrada no seu canto, com os olhos no retrato da filha, que o tempo ia desvanecendo num descolorido suave. Assim se atenuasse na sua alma a dor, como aquela sombra no papel! Por que há de haver coisas eternas na vida transitória? Já viu alguém refletir-se uma imagem com fixidez em águas de grande correnteza? A vida não faz outra coisa senão passar, e a dela então imobilizara-se num momento de horror? Uma noite, em sonhos, a filha apareceu-lhe lavada em pranto. Seus olhos, como dois ramos de miosótis inundados, vinham varados pela tristeza moça do amor. Não houve outra queixa. A mãe compreendeu-a. Era tempo de agir. Consultaria os espíritos, já que na terra não a ajudava ninguém.
Lembrou-se de uma tal d. Alexandrina, da estação do Rocha. Contavam-se dela maravilhas, revelações estupendas!
Preparou-se cedo. Vendo-a sair do quarto, de chapéu