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– Mas que tem ela com a minha vida? Já se viu uma tal indiscrição? É boa!

– Cobiça-te para genro. Sabes perfeitamente disso! Estás farto, fartíssimo de o saber, e ainda te admiras? Ora, meu velho!

– Mas essa senhora já deve estar convencida de que não lhe aceito a filha. Não quero casar! Aposto em como não aproveitaste a ocasião para lhe dizer isto?

– Certamente que não! mas afinal aquela rapariga que lá tens em casa é séria ou não é séria?

– Eu presumo que sim.

– Se é séria, manda-a embora, porque a comprometes; se não é... não deves ter escrúpulos em fazê-la passar como tal!

– E minha filha? Lembra-te que tenho uma mulher em casa, não tanto pela boa ordem de minha vida, como para poder recebê-la e guardá-la de vez em quando comigo... E depois, sabes que mais?! pouco me importo com a opinião dos outros! Deita fora o charuto. Vou despedir-me lá dentro. Estou enojado. Lá te espero quarta-feira. Não te esqueças...

– Ó egoísta! lá irei com um baralho novo!

Argemiro entrou na sala a tempo de aplaudir a Sinhá, que acabava de tocar uma réverie ao piano. Vendo-o, a Pedrosa foi ao seu encontro:

– Pensei que fosse hoje todo do meu marido! Chego a ter ciúmes da política, acredite!