– Tenho que o patife do Brás apaixonou-se por tal forma pela Delfina, que não sei como hei de casá-lo com a Lucinda! – e apontava com o dedo colérico para as folhas esparsas do seu romance, desordenadas por um vento de insubmissão. O caso era grave. Entrei, sentei-me e fiquei calado, assistindo ao duelo fantástico de um romancista com a sua personagem revoltada.
Por fim, aventurei timidamente, querendo valer àquela aflição:
– Por que não casas essa tal Lucinda com outro? que diabo!
– Com outro?! estás doido! Ela adora o Brás e não pode absolutamente casar com outro. Seria um desastre! Com o Brás é que ela há de casar, quer ele queira, quer não queira!
O desespero do romancista era tão evidente e profundo, que eu não ri. Fiquei desde então convencido de que a ficção, como a realidade, obedece a leis de imprevisto e de fatalidade. Li depois o romance... O Brás não casou com a Lucinda. Porque não quis, está claro!”
Adolfo, acabando de dizer estas palavras, soltou uma baforada de fumo, afundou mais o corpo na larga poltrona do Argemiro e suspirou:
– Está-se bem aqui!
– Não achas? Pois essa poltrona amável estava encerrada no quarto dos badulaques por