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Página:A Intrusa.djvu/176

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para não desfazer esta ilusão agradável e esquisita, mas bem sincera. Uma noite, entrando inesperadamente em casa, percebi que alguém fugia precipitadamente da sala. Não pude vencer a minha curiosidade; entrei. Junto à janela do jardim, perto de uma cadeira de balanço, encontrei um livro aberto. Ergui-o. Cheirava a flor de fruta. Era um romance inglês. A minha governanta lia inglês! Foi a sua primeira revelação. Depus o livro fechado sobre a mesa e vi o nome dela escrito na capa. Para simpatizar com ela bastaria, talvez, isso; – para respeitá-la, o modo por que tem sabido corrigir Glória das suas brutalidades de menina malcriada...

– Como terminará tudo isto!

– Não terminará. Enquanto ela se sujeitar a este papel, eu ficarei muito bem naquele em que estou. Se não... ir-se-á embora e tratarei de arranjar outra pelo mesmo processo escandaloso, mas cômodo.

– Hum!...

– Afinal, talvez seja fácil...

– É impossível, digo-te eu! Essa mulher deve ter vindo acossada por uma grande miséria! Lembra-me uma garça marítima que vi caçar na floresta do alto da Serra! Tinha fugido à tempestade sozinha, branca, até aquelas paragens desconhecidas e inóspitas. Pobre ave do mar!