– Por que não?
– Por quê?... por tudo! Tu gostas desta liberdade... há trinta anos que te enterraste aqui e que daqui não tens querido sair para nada... eu, ao princípio, confesso, fazia sacrifício; hoje não. Olha para esta mesa: vês? estou catalogando as minhas plantas... plantadas aqui na minha chácara e tratadas só por mim!...
– Virás à chácara de vez em quando.
– Estás doida!
– Nunca o estive menos!
– No tempo em que Maria era viva nunca pensaste nisso, e então agora... Ora adeus!
– No tempo de Maria eu não era lá precisa para nada; e agora sou.
– Precisa? Em casa do Argemiro?! Para quê? Estás sonhando...
– Bem acordada. Vocês é que estão dormindo...
– Hum... já sei... deixa lá a rapariga em paz, minha velha ciumenta – exclamou o barão, rindo e cavalgando de novo a luneta no nariz.
– Também tu!...
– Também eu... Que diabo! tu imaginas um mundo ao teu feitio e queres governá-lo a teu bel-prazer? Guerrear a moça? Por quê? Porque é limpa, econômica, dirige bem a casa do teu genro e ainda por cima dá lições úteis à tua neta? Mas isso é uma insensatez!