O barão entristecia-se por não lhe saber dar remédio. Que fazer? Deixá-la finar-se... e penar com ela. À proporção que as visitas da filha se prolongavam nas Laranjeiras, Argemiro, ocupadíssimo em novas causas, deixava de aparecer na chácara.
Esse afastamento era também motivo de censura e tristeza.
“O tempo leva tudo consigo, menos a saudade das mães pelos filhos mortos”; pensava a baronesa em silêncio, junto à janela, olhando vagamente para o campo pálido, cortado pelas linhas negras das altas e ramalhudas mangueiras, sob cuja sombra Maria correra em menina, entre a polvilhação de oiro da cabeleira desatada, ou cismara, em mulher, aquelas doces cismas que a idealizavam tanto.
Parecia-lhe que, se procurasse bem, encontraria na terra as pegadas mimosas da filha e que seria ingratidão abandonar aquele lugar em que ela vivera a doce vida da criança e da moça... Em vão o materialismo do marido lhe afirmava que o corpo branco da pobrezinha apodrecera como um lírio cortado, no fundo negro da cova, e que já dele não existia senão um feixe de ossos, tão pequenos, que caberiam todos no seu cofre de lembranças!
Em vão o padre Assunção lhe dizia que a alma bondosa da sua santa estava no céu, longe de tudo e de todos, voltada como uma açucena