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a bem dos outros. Chamou para casa duas crianças órfãs e entretinha-se a ensiná-las e a vesti-las.

– Quando eu morrer – dizia ela ao padre – tu olharás por elas como se fossem teus filhos!

Forçava-o assim à paternidade; obrigando-o a amá-las, empurrando-as para os seus joelhos, contando-lhe as suas gracinhas, fazendo-o adorado por elas.

Até já achava nas crianças traços da família. Assunção deixava-se assaltar e abria os braços aos pequenos; mas a sua predileção não estava ali. A propósito de tudo falava em Glória. Era a sua preocupação. Uma selvagem!

A mãe não tinha ciúmes. Sorria. Se ele tivesse três filhos amaria os três, mas em verdade se preocuparia mais com a menina! Os de casa eram rapazes, ambos de origem estrangeira, órfãos de italianos desconhecidos. Glória, essa era uma continuação dos entes que mais se prendiam ao seu passado, do Argemiro e daquela suave Maria, que o estimara como irmã.

D. Sofia encontrara a salvação nos pequenos a que se dedicava. O seu espírito carecia do sonho. O filho cortara pela raiz todos os que floresciam nela até o dia em que se fez padre...

Com o correr dos tempos, fora se habituando à batina do filho, mas continuava a freqüentar