Aviso-a de que sou comodista. A senhora julga-se com os predicados que apontei?
– Julgo-me.
– Tanto melhor; parece-me que nos entenderemos. Todavia, desejaria, repito, que me desse algumas informações a seu respeito. Como se chama?
– Alice Galba.
– Galba... tenho idéia de ter conhecido na minha infância um velho com esse nome... um botânico, se me não engano...
– Era meu avô...
– Então seu pai...
– Meu pai morreu há dez anos...
Argemiro puxou o relógio. Era a hora do bonde; levantou-se apressado, apanhando a pasta e o chapéu.
– A senhora veio tão tarde! E temos ainda uma coisa a combinar: o ordenado?
A moça levantou-se com timidez.
– O senhor dará o que entender...
– Ora essa! Eu não sei.
– Eu também não... É a primeira vez que me emprego...
Argemiro pressentiu sinceridade naquela confissão e olhou para a moça. Mal percebeu, através do véu, um rosto magro e pálido.
“Parece-me feia...” – pensou ele consigo, com uma pontinha de desgosto; e logo alto:
– Onde poderei mandar preveni-la?