Feliciano trouxe os charutos e Argemiro reconheceu que o negro se sortira abundantemente com os seus havanas. Sempre o mesmo abuso! Olhando com atenção para o criado, viu que ele ostentava cinicamente uma das suas camisas bordadas; também não estava certo de lhe haver dado já aquela bonita gravata roxa de bolinhas pardas. Como o padre Assunção era considerado de casa, Feliciano, mesmo à vista dele, apresentou ao amo as contas da semana.
– A ode do desperdício!
Era um batalhão de cifras encarreiradas, pelo almaço abaixo, atropelando-se no seu exagero que as fazia saltar aos olhos de Argemiro. Desde o fornecedor das frutas finas, até à cerzideira da roupa branca, todos tomavam vulto através da multiplicação do negro.
– Vês, Assunção? Quase um conto de réis numa quinzena, isto numa casa própria, onde há adega e que a chácara do sogro enche de perus, ovos, leitões e hortaliça! No tempo de Maria passava-se melhor, havia mais gente e gastava-se muito menos.
– Ainda tens um recurso...
– Qual?
– Uma pensão...
– Deus me livre! A casa de pensão é a vala comum da vida. Repugna-me!
E voltando-se para o negro: