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publicidade por uma série de circunstâncias muito especiais; do contrário nunca sairia do seu retiro, onde queimava as pestanas a ler os mestres e a estudar as mais graves questões financeiras do país...

O conselheiro Isaías afirmou:

– Ainda não pude ler o seu artigo; mas o presidente leu-o e ficou bem impressionado.

Pedrosa deu um saltinho involuntário:

– O presidente leu o meu artigo? Gostou? Ah, mas naturalmente! Ele há de, forçosamente, ver que eu não aponto ali senão erros da administração passada e que lhe têm acarretado a ele enormes embaraços...

– Difíceis de vencer...

– Facílimos, senhor, facílimos!

– A verdade é que o presidente não está bem rodeado e deixa-se influenciar pelos ministros, mais do que convém... objetou Sebrão.

– Isso! – aprovou Pedrosa, estendendo a mão em forma de juramento.

Os outros olhavam para ele com certa admiração. Pedrosa continuou um tanto confidencial:

– Eu é que não quero dizer a última palavra...

Nesse instante rompeu a música e Argemiro achou mais interessante ir ouvir o segundo ato da Tosca, do que a última palavra do Pedrosa. Cumprimentou-os à pressa e caminhou para a escada.