Caldas rogou uma praga.
– Que foi isso?! olha se te mandam para o xadrez!...
– Aquele sujeito ia me arrebatando o pacote dos marrons de tua filha! Não lhe basta a carga. Gente amiga de embrulhos, a dos subúrbios! Olha.
– Não tenho tempo. Entra.
Entraram ambos para um carro.
Cheirava a carvão de pedra e havia calor.
Argemiro continuou, depois de sentado:
– Minha sogra tem razão; ela vive como uma abadessa de convento rico; tem um prestígio por toda aquela redondeza que nem calculas... Muito boa, muito esmoler, é o centro de uma população de pobres e de famílias que, se não dependem dela materialmente, acostumaram-se à sua tutela moral e não a dispensam. Eu compreendo-a e dou-lhe razão. Há ainda outro motivo que a obriga a viver na chácara: é o empenho de ter a neta só para si. Minha mulher, não sei se já te disse, era filha única e criada com um mimo raro; durante o tempo em que vivi casado tive ocasião de conhecer a mãe mais extremosa que jamais vi. Para mim foi de uma bondade e de uma ternura encantadora. Amava-me porque via bem quanto eu fazia a filha feliz... A neta reproduz para ela a filha morta. Glória foi para casa da avó muito pequena; foi ela quem a criou, julga-se com