Argemiro contemplou-a com espanto; mas desatou logo a rir diante da expressão de seriedade quase cômica da filha.
– O teu gato?
– O meu coelho branco... Todas as manhãs, quando me levantava, a primeira coisa que eu fazia era correr para o pátio da criação... D. Fuas conhecia-me e vinha para mim... eu levava sempre muita couve para ele, e gostava de ver aquele focinhinho, toca que toca, mastigando a verdura... Ontem desci, e nada de D. Fuas! Procura para aqui, procura para ali, e fomos achar o coitado debaixo da paineira, todo esticadinho, e ainda mais branco porque estava cobertinho de paina... Então eu e a Emília fizemos uma cova, forramos a terra com a paina limpinha, deitamos ali D. Fuas, tornamos a cobri-lo com paina, depois com terra, e acabou-se!
– Choraste?
– ... Chorei... mas vovô prometeu-me outro!
– À saúde do outro que há de vir e que te consolará!
Argemiro bebeu convictamente à saúde do coelho, como se o fizera à saúde de uma ilustre personagem. Como ele adorava e era grato a tudo o que alegrasse a vida da sua Gloriazinha!
Ouvia-a com tal interesse, que a chama infantil dos olhos dela ateava-lhe na alma curiosidades de criança, também. Eram dois meninos à