“No caso deste vôo, minha balladeuse tinha tanta manobrabilidade que ao soltar o cabo pendente, conseguia manobrá-la com a mesma habilidade e precisão de um automóvel voador”.
“Conseguia manobrar tão bem assim?” Perguntou Herbert duvidando que em 1903 alguém pudesse ter tecnologia e habilidade.
“A liberdade e segurança era tanta que teria podido fazer o cabo pendente por baixo do Arco do triunfo; não me arrojei, porém a tanto. Tomei a direita do monumento, como exigiam os regulamentos automobilísticos da época.”
Herbert retorna a encostar-se na confortável poltrona em muita gargalhada “É muito divertido saber que mesmo envolvido em tal aventura consiga ainda observar as regras de transito”.
“Sou um cosmopolita” acrescentou Santós “meus inventos bem como minha conduta trazem a mim e aos povos as praticidades da vida de vanguarda em completa harmonia com as regras sociais estabelecidas para a convivência pacifica.”
“Também não gosto da idéia de desobedecer às regras de transito” afirma de forma irônica Herbert que pede a Santos que continue sua narrativa.
“Muito bem... após contornar o Arco apresentou-se um pequeno embaraço, Da aeronave, todas as avenidas que cruzavam na Étoile se assemelham, ao consultar novamente a posição do Arco do Triunfo, encontrei a avenida que levava ao meu apartamento. Estava com fome e resolvi tomar o café da manhã em minha casa”.
“Sem duvida trata-se de um feito genial.”
“Há um ditado que ensina “o gênio é uma grande paciência”; sem pretender ser gênio, teimei em ser um grande paciente. As invenções são, sobretudo, o resultado de um trabalho teimoso, em que não deve haver lugar para o esmorecimento. Continuei com em meu trajeto, da aeronave, todas as avenidas que se cruzam a Étoile se assemelham, e só olhando para trás, para consultar o Arco do Triunfo, é que encontrei minha avenida, na esquina da rua Washington com a avenida Champs-Élysees enquanto a multidão aplaudia fui tomar um café em minha residência.
“Realmente facinante” exclama Herbert “acho que todos os homens civilizados deveriam ter uma balladeuse aérienne para se locomoverem nos centros urbanos”.
“Certamente” responde Santós aprovando totalmente a afirmação de Herbert “convencido de que a balladeuse era a solução ideal para a ocupada rotina urbana de Paris, procurei meu grande amigo Louis Blériot que rapidamente instalou um farol de grande potencia à proa de minha aeronave, e desta feita parti em mais vôos noturnos pelas ruas de Paris”.