“Diga-me Tio Alberto, como sabia que iria funcionar tal maquina?”pergunta Yollanda boquiaberta –“Penso que teve ter tido grande coragem em embarcar em uma nave experimental”.
“Não pensava em termos de ter coragem ou não. Toda minha vida ate aquele ponto se resumia à aquele momento, tudo o que precisara para conduzir um experimento de vôo direcionado estava doravante em minhas mãos, eu simplesmente tinha que fazer.
Naturalmente consultei os diversos expertos em aerostação presentes ao meu redor, inclusive os Srs Lachambre e Machuron. Todos que lá estavam sabiam muito sobre balões cativos, porem, ninguém conhecia o vôo dirigível, e como era de se esperar, seus conselhos mais me atrapalharam do que ajudaram. Haviam espalhado entre os aeronautas parisienses, futuro núcleo do Aero Club, a noticia de que eu ia levar na minha barquinha um motor a petróleo. E todos se inquietaram com o que chamavam minha temeridade; alguns deles me procuraram para me demonstrarem amigavelmente o perigo permanente de um tal motor por baixo dum balão cheio de um gás eminentemente iniflamável. E aconselhavam-me substituí-lo, como menos perigoso, por um motor elétrico.
Eu havia tomado todas as disposições para encher o balão no Jardim de Aclimação. Um balão cativo já estava instalado com tudo o que lhe era habitualmente necessário. Esta circunstancia facultou-me obter sem dificuldade, a 1 franco por unidade, os 180 metros cúbicos de hidrogênio de que necessitava.
A 18 de setembro, minha primeira aeronave, o “Santos Dumont N.° 1” — como a denominaram depois, para distinguir das que se seguiram — estava estendida sobre a relva, entre as lindas árvores do jardim.
“Segui as instruções de Lachambre a Machuron de colocar o dirigível em direção as arvores e partir a sotavento. Parti do local, que eles me indicaram, e no mesmo segundo, tal como eu receava, meu navio aéreo foi se rasgar contra as árvores. O acidente serviu, pelo menos, para demonstrar aos incrédulos a eficiência do meu motor e do meu propulsor. Não perdi tempo em lamentações.