meninos, mal vestidos e magros, cercavam o leito em que jazia moribundo um ancião de cinqüenta anos, pouco mais ou menos. Pelo que agora posso concluir, uma síncope havia causado todo o movimento, pranto e desolação que observamos. Quando chegamos ao pé de seu leito, ele tornava a si.
— Ainda não morri, balbuciou, olhando com ternura para seus filhos, e deixando cair dos olhos grossas lágrimas. Depois, deparando conosco, continuou:
— Quem são estes dois meninos?...
Ninguém lhe respondeu, porque todos choravam, sem excetuar a minha bela camarada e eu.
— Não chorem ao pé de mim, exclamou o velho, sufocado em pranto e escondendo o rosto entre as mãos, enquanto seus três filhos e o quarto que tínhamos há pouco visto fora, se atiravam sobre ele, no excesso da maior, da mais nobre e da mais sublime das dores.
A minha camarada dirigiu-se então à velha.
— O que tem então ele?... perguntou com viva demonstração de interesse.
— Oh, meus meninos, respondeu a aflita velha, ele sofre uma enfermidade cruel, mas