— Anda, Tomásia, dá-lhe o escalda-pés! disse d. Carolina.
Pela sua voz conhecia-se que tinha chorado.
A escrava abaixou-se e puxou os pés da pobre Paula; depois, pondo a mão nágua, tirou~a de repente, e sacudindo-a:
— Está fervendo!... disse.
— Não está fervendo, respondeu a menina; deve ser bem quente, assim disseram os moços.
A escrava tornou a pôr a mão e de novo retirou-a com presteza tal, que bateu com os pés de Paula contra a bacia.
— Estonteada!... Sai... Afasta-te, exclamou d. Carolina, arregaçando as mangas de seu lindo vestido.
A escrava não obedeceu.
— Afasta-te daí, disse a menina em tom imperioso; e depois abaixou-se no lugar da escrava, tomou os pés de sua ama, apertou-os contra o peito, chorando, e começou a banhá-los.
Belo espetáculo era o ver essa menina delicada, curvada aos pés de uma rude mulher, banhando-os com sossego, mergulhando suas mãos tão finas, tão lindas, nessa mesma água que fizera lançar um grito de dor à escrava,