— E tu acreditaste muito nessa senhora!...
— Escuta, Leopoldo: uma vez que com a avó de Filipe conversava na gruta, eu, fatigado e sequioso, bebi um copo dágua da fonte do rochedo; então, a nossa boa hóspeda contou-me uma fabulosa e singular tradição daquela fonte. A água dizia-se milagrosa e quem a bebesse não sairia da ilha sem atuar algum de seus habitantes. Eis aqui, pois, uma mentira, mais uma mentira que excitou a minha imaginação; uma mentira que me perseguiu lá dois dias e que me persegue ainda hoje; uma mentira, enfim, que se transformou em verdade, porque eu bebi daquela água e não pude deixar a ilha sem amar, e muito, um de seus habitantes...
— Deveras que isso não deixa de ser interessante. Mas que efeito esperas tu que provenha de toda essa moxinifada?
— Que efeito?... O... amor...
— Amor?... Amor não é efeito, nem causa, nem princípio. nem fim, e é tudo isso ao mesmo tempo; e uma coisa que... sim... finalmente, para encurtar razões, amor é o diabo... Dize-me, pois, sinceramente falando, qual o resultado que pensas tirar de tudo isso que me contaste.
— Que resultado?... O... amor...