Lontra ligeira, ou anta descuidada,
E, inchando as fauces, a cabeça eleva,
Os queixos escancára, a lingua solta,
Para de uma só vez tragar o amphibio:
Tal no pleito co' o Oceano o Amazonas
Para sorvel-o a larga foz medonha
Léguas abre setenta! A ingente lingua
Estende de três vezes trinta milhas.
Como uma larga espada, que se embebe
Ao través do Atlantico iracundo,
Que gemendo recúa no arremesso,
E em montes alquebrado o dorso enruga.
Armas que joga ao mar são grossos troncos.
Arrancados na fúria, são pedaços
De esboroadas montanhas que elle mina;
Seus gritos são trovões tão horrorosos,
Que alli parece submergir-se o mundo;
Quando se incha seu corpo desmedido,
Equorea, espessa nuvem se levanta,
Como uma chuva contra o céo erguida,
Reflectindo do sol os sete raios:
Tal o conquistador que co' os despojos
Dos reis desthronisados se opulenta,
Ou co'os tributos dos vencidos povos,
Em pé firme no carro do combate,
Envolto numa nuvem de poeira,
Na frente vae levando debandada,
Ingente alluvião de imigas hostes;
E ante as portas de bronze do castello
Nova victoria alterca porfiosa.
O percurso do rio Amazonas em território brazileiro é de 4.000 kilometros. Sua largura é muito variável, medindo-se em Tabatinga 2.775 metros, que sobem a 5.000 na boca do rio Madeira, affluente, elevando-se a 13.000 junto á bocca do Xingú, outro affluente.
Como a largura, varía a profundidade entre 20, 30 e