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Página:A Reforma da Natureza (12ª edição).pdf/49

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CAPÍTULO II

OS ESTUDOS



NINGUÉM SOUBE o que os dois fizeram durante os dias e dias que lá passaram a examinar o interior das formigas e a descobrir-lhes as glândulas. E depois de descobertas as glândulas, fizeram remeximentos vários, empastelavam umas, misturavam outras, ou enxertavam as glândulas de uma formiga nas de outras, para "dobrar a força". Pela maior parte as pobres saúvas não resistiram à operação; mas com os aperfeiçoamentos da "técnica" do Visconde, muitas começaram a salvar-se; e depois de "operadas" eram postas num pastinho, fora do oco, com água para beber e ervinhas para se divertirem.

Depois chegou a vez duma minhoca, que foi "reglandulada" — como dizia o Visconde, e por fim operaram uma centopeia, esse esquisito bichinho que tem cem pernas.

— Desaforo! Um bichinho com tantas e outro sem nenhuma!

Emília aproveitou a ocasião para arrancar seis pernas da centopeia e enxertá-las na minhoca.

Estavam nisso, quando sobreveio uma semana inteira de chuva, durante a qual os dois sabiozinhos não puderam sair de casa. Assim, porém, que o tempo endireitou, correram para lá — mas com grande desapontamento viram os cercados vazios. Todos os operados tinham fugido!

Depois que se cansaram de operar formigas, iniciaram experiências nos grilos e tiveram de fazer outro pastinho para os grilos operados. Um dia Emília entrou no laboratório com uma pulga.

— Hoje, Visconde, a novidade vai ser esta pulga. Vamos fazer nela um enxerto de tiróide de formiga e pituitária de grilo. Há de dar qualquer coisa interessante,

É fizeram a operação.

— Maçada! — exclamou Emília. — Tanta trabalhadeira para um resultado zero. A maldita enxurrada levou daqui todos os nossos "pacientes"

— O trabalho da ciência é penoso, minha cara, — disse o Visconde. — Cumpre recomeçar. Os verdadeiros sábios nunca desistem das suas empresas.