recolheu-se ao retiro da sua alma — a rezar a Ave-Maria que sempre offertava pela saude do Pontifice e pelo termo do seu captiveiro.
O dr. Margaride consolou-a. Não acreditava que o Pontifice dormisse sobre palhas. Viajantes esclarecidos afiançavam-lhe até que o Santo Padre, querendo, podia ter carruagem.
— Não é tudo; está longe de ser tudo o que compete a quem usa a tiára; mas uma carruagem, minha senhora, é uma grandissima commodidade...
Então o nosso Casimiro, risonho, desejou saber (já que todos patenteavam as suas ambições) qual era a do douto, do eminente dr. Margaride.
— Diga lá a sua, dr. Margaride, diga lá a sua! clamaram todos, com affecto.
Elle sorria, grave.
— Deixe-me v. exc.ª primeiro, D. Patrocinio, minha senhora, servir-me d’essa lingua guizada, que marcha para nós e que me parece preciosa.
Depois de fornecido, o veneravel magistrado confessou que appetecia ser Par do Reino. Não por alarde de honras, nem pelo luxo da farda; mas para defender o principio sacro da authoridade...