a luz anilada que banhasse a minha vidraça; da terra só me importariam as flôres abertas no meu jardim para aromatisar a minha alegria. E passaria os dias n’uma fôfa preguiça oriental, fumando o puro Latakié, tocando viola franceza, e recebendo perpetuamente essa impressão de felicidade perfeita que a Mary me dava só com deixar arfar o seio e chamar-me «seu portuguezinho valente.»
Apertei-a contra mim n’um desejo de a sorver. Junto á sua orelha, d’uma brancura de concha branca, balbuciei nomes ineffaveis: disse-lhe rechonchudinha, disse-lhe riquiquitinha. Ella estremeceu, ergueu os olhos magoados para a poeirada d’ouro.
— Que d’estrellas! Deus queira que ámanhã o mar esteja manso!
Então, á idéa d’essas longas ondas que me iam levar á rispida terra do Evangelho, tão longe da minha Mary, um pezar infinito afogou-me o peito — e irrepressivelmente se me escapou dos labios, em gemidos entoados, queixosos e requebrados... Cantei. Por sobre os terraços adormecidos da musulmana Alexandria soltei a voz dolorida, voltado para as estrellas; e roçando os dedos pelo peito do jaquetão onde deviam estar os bordões da viola, fazendo os meus ais bem