Página:A Relíquia.djvu/152

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— Levante-se, Raposo! Estamos á vista da Palestina!

O Caimão parára; e no silencio eu sentia a agua roçando-lhe o costado, de leve, n’um murmurio de mansa caricia. Porque sonhára eu assim, ao avisinhar-me de Jerusalem, com os Deuses falsos, Jesus seu vencedor, e o Demonio a todos rebelde? Que suprema revelação me preparava o Senhor?...


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Desenrodilhei-me da manta; atordoado, sujo, sem largar o precioso embrulho da Mary, subi ao tombadilho, encolhido no meu jaquetão. Um ar fino e forte banhou-me deliciosamente, trazendo um aroma de serra e de flôr de laranjeira. O mar emmudecera, todo azul, na frescura da manhã. E ante meus olhos peccadores estendia-se a terra da Palestina, arenosa e baixa — com uma cidade escura, rodeada de pomares, toucada no alto de flechas de sol irradiando como os raios d’um resplendor de santo.

— Jaffa! gritou-me Topsius, sacudindo o seu cachimbo de louça. Ahi tem o D. Raposo a mais antiga cidade da Asia, a velhissima