Página:A Relíquia.djvu/158

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E, depois de valentes apertos de mão, fomos para o Hotel de Josaphat firmar o nosso contracto, bebendo vasta cerveja.

O alegrissimo Potte depressa organisou a nossa caravana para a cidade do Senhor. Um macho levava as bagagens; o arrieiro arabe, embrulhado n’um farrapo azul, era tão airoso e lindo que eu, irresistivelmente e sem cessar, procurava o negro afago do seu olhar de velludo; e, por luxo oriental, como escolta, seguia-nos um beduino, velho, catarrhoso, com o albornós de lã de camêlo listrado de cinzento, e uma forte lança ferrugenta toda enfeitada de borlas.

Guardei n’um alforge, desveladamente, o embrulhinho mimoso da camisinha da Mary: depois, já na sella, alongados os lóros do pernudo Topsius, o festivo Potte, floreando o chicote, lançou o antigo grito das Cruzadas e de Ricardo-Coração-de-Leão — Avante, a Jerusalem, Deus o quer! E a trote, com os charutos em brasa, sahimos de Jaffa pela porta do Mercado — á hora em que suavemente tocava a vesperas no Hospicio dos Padres Latinos.

Na luminosa meiguice da tarde, a estrada alongava-se através de jardins, hortas, pomares, laranjaes, palmeiraes, terra de